o universo
tem lá seu plano
e prevê ainda muita festa
à beira de buracos negros…
flores
perfumes
beijos
idas e vindas
finalmentes
recomeços
promessas
decepções
frustrações…
se o universo tem seu plano
nós temos muito mais
o universo
tem lá seu plano
e prevê ainda muita festa
à beira de buracos negros…
flores
perfumes
beijos
idas e vindas
finalmentes
recomeços
promessas
decepções
frustrações…
se o universo tem seu plano
nós temos muito mais
tantos já fizeram
e fazem
e erguem
e plasmam
e buscam a glória
e exaltam
o esforço da virtude, do propósito
mas tantos tombaram
e tombam no fazer viver
poeira misturada à praia
feliz da vida
por não ter sido abreviado
pelos atalhos, obstáculos, disputas…
interrompido
pelo erro, ânsia, fome, sede
prazer, paixão, desejo…
inacabado
pela arrogância, soberbia
imprudência, irreflexão, delírio…
“eu vim de lá pequenininho
alguém me avisou
pra pisar neste chão devagarinho”,
ouvi dos lábios de uma poetisa
e fiz este poema
para os que não fazem poesia
De um lado as Forças do Progresso: comunistas, socialistas, trabalhistas, social-democratas, anarquistas, ecologistas, ateus, agnósticos, cidadãos de todos os credos e cores engajados na defesa dos interesses dos menos favorecidos, na luta contra a desigualdade, a opressão, a discriminação, na afirmação prática da regra de ouro: “não faças ao outro aquilo que não desejas para ti”…
Por outro lado, as Forças da Reação, apoiadas pelo grosso das forças armadas, profissionais da violência, milícias, judiciário, ministério público, mídia oligopolizada partidária e dependente, banqueiros, capitalistas, seitas apocalípticas, oportunistas de todos os quilates, uma pancada de gente fodida que dissemina desinformação, mentiras, teorias da conspiração paranoica e que enaltece a hegemonia de um estado fundamentalista nos costumes, liberal na economia e totalitário na política, sob a sombra de Ronald Reagan, Margareth Thatcher, Pinochet, Darth Vader e a Estrela da Morte…
E, no meio disso tudo, o povo.
E o que deseja o povo? Nada demais… Casa, comida, carro, computador, celular, televisão de plasma, encher o carrinho de supermercado uma vez por mês, viajar de avião, dinheirinho no banco para emergências, saúde e educação de qualidade, dignidade, cidadania, respeito, segurança, internet de alta velocidade a preço camarada…O povo quer viver o mais normal possível, tal qual qualquer classe média que se preze.
Afinal, não foi pra isto que, lá atrás, combinamos que a Justiça é cega, igual para todos, que o Estado é laico e que o poder emana do povo e em seu nome será exercido?