Medusa, Caravaggio, 1587
no começo era o medo…
na sua escuridão pegajosa
um lume brota do desespero, mas
companheiro o medo se insinua
nos meus poros e sentidos
a oferecer fundamento
à minha angústia
aos meus temores
à minha fraqueza
no começo era o medo…
sou eu – o próprio
a sussurrar comigo
uma aflição em brasa
na irracional veneziana
a atiçar o vento
a estalar a casa
a eriçar os pelos
no começo era o medo…
e eu, a presa que cede
antes que enlouqueça, durmo…
– vez ou outra -
do medo, explode alguma alegria
um fruto ruidoso
que o próprio medo não cala.
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