sábado, 12 de abril de 2025

medo

 

Medusa, Caravaggio, 1587


no começo era o medo…

na sua escuridão pegajosa

um lume brota do desespero, mas

companheiro o medo se insinua

nos meus poros e sentidos

a oferecer fundamento

à minha angústia

aos meus temores

à minha fraqueza


no começo era o medo…

sou eu – o próprio

a sussurrar comigo

uma aflição em brasa

na irracional veneziana

a atiçar o vento

a estalar a casa

a eriçar os pelos


no começo era o medo…

e eu, a presa que cede

antes que enlouqueça, durmo…

vez ou outra -

do medo, explode alguma alegria

um fruto ruidoso

que o próprio medo não cala.


 

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