sábado, 2 de novembro de 2024

aquele que ri

 

Conrad Veidt, O Homem Que Ri, filme de 1928




não somos

quem pensamos que somos


somos

um extraordinário,

um extravagante projeto

disseminado em cópias

consagradas

na suposta ideia

de um original perdido?

desconhecido

ausente, inexistente?


não somos o que somos

nem o que pensam que somos

nem o que querem que sejamos


apesar de tudo que dissemos

criamos, inventamos,

somos a exibição

de um espetáculo fraco

sobre alguém fraco

a mais fraca das bestas


minha esperança

é que você perceba

que além da piada infame

do chiste de mau gosto

somos sonhadores, estrelas

delirantes,

ferradas e choronas

desde sempre

a exigirem, com escândalo,

que a dor que fingimos doer

assuma o lugar da dor verdadeira

e seja sacrificada no altar

da individual singularidade

embora fatalmente, quem pereça

sejamos nós, matados

por nossa ignorante

e perversa ingenuidade


 

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