não consigo provar a inexistência de deus, da imortalidade da alma e de vida após a morte
mesmo me utilizando de vasto arsenal de argumentos
enquanto
você consegue provar a existência de deus, da imortalidade da alma e de vida após a morte
utilizando-se um vasto arsenal de argumentos
argumento contra argumento… convivemos num impasse perene
a história: o dilema, em geral, tem sido resolvido com a utilização da força bruta pelo segundo, naturalizando o gesto de enfiar goela abaixo do primeiro os argumentos da fé e da revelação
de que existe uma divindade absoluta em um reino metafísico para onde irão os escolhidos, após a morte – aqueles que praticam a autoviolência e, em delírio, justificam a autoridade baseada exclusivamente no medo da punição
como justifica pascal em sua aposta
1. se você acredita em deus e ele existe, quando você morrer seu ganho é infinito, a saber, a vida eterna no paraíso
2. já se você acredita em deus e ele não existe, quando você morrer sua perda é finita, a saber, o tempo de vida que perdeu acreditando numa quimera
3. se você não acredita em deus e ele de fato não existe, quando você morrer seu ganho é finito, a saber, o tempo de vida que não perdeu acreditando numa quimera
4. mas, se você não acredita em deus e ele existe, então quando você morrer sua perda é infinita, a saber, nada menos do que a danação eterna no inferno
a esse argumento, veio einstein com a sua famosa sentença
“se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, a raça humana é realmente uma espécie desprezível”
sentiram?
o caminho para evitarmos a distorção espiritual e a tendenciosa ameaça da religião é suspendermos tais juízos
incentivarmos o exercício das operações intelectuais que visam determinar o que é verdadeiro e o que é falso
em um mundo de evidências
(ou então que façamos arte)
religião deveria ser um ato exercido exclusivamente no particular, do indivíduo para consigo mesmo
tudo o mais é estelionato espiritual
quem tentasse praticar religião publicamente incorreria em erro, por propaganda enganosa e, portanto, cometeria crime contra a boa fé dos vizinhos
além de nutrir e incentivar desprezo pela vida real e a nociva crença numa hipotética bem-aventurança futura da qual ninguém possui certeza alguma
a não ser aqueles que, por medo ou interesse político, dela tiram proveito em seu próprio benefício ou em benefício de um determinado grupo
kant dizia que deus não pode entrar na equação moral porque, historicamente, encontramos muitas pessoas que acreditam em deus, mas, mesmo assim, fazem todo o mal possível a seu semelhante
portanto
devemos agir como se não existisse deus, seguindo apenas nossas convicções sobre o que consideramos certo – isto sim é liberdade!
cada indivíduo, escolheria agir de tal modo que a sua ação fosse eleita lei universal…
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