Vírus, Isabelle Pop, 2020
eu, poeira de estrelas
continuo local…
meu vizinho fala tanto
que desperta a solidão do cosmo.
e meus amigos, com razão,
preferem amenidades culturais
(nada que comprometa
a despedida após o porre)
- um abraço, tchau e pronto!
minha memória perdeu o tesão nas sinapses
e me preocupa ter esquecido do futuro...
porque ando a apreciar ratos
que invadem o quintal,
multiplicados tantos…
pesquiso um raticídio e estremeço:
meu medo não é fácil de exterminar.
o que será dos gatos,
dos manguitos que despencam,
da árvore moribunda que cresce ao lado
e acumula uma montanha de folhas mortas?
preciso de uma estratégia
para o descarte do lixo
e que me deixe fora dessa equação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário