The Distance Between the Landscape and Dusk, Kansuke Yamamoto, 1956
sim, quero a última brisa, o último orvalho
o derradeiro canto do bem-te-vi
e o vôo rasante do rasga-mortalha…
sim, deste mundo quero a última mirada,
o último ruído e o definitivo arrepio…
(eis que, no limite, percebo
que amar é descausar desconforto
e, pacífico, recuar com um beijo)
sim, seguirei ao último instante
em busca da palavra
que legue à posteridade meu último suspiro…
(mas eis, quem sabe aconteça
ficar num hiato mudo, entre a vigília e o sono
na misteriosa passagem
onde o inverno entrega à primavera
o magnífico comando das coisas e dos nomes…)
e acaso ocorra me faltar o fôlego
para encerrar esse último e simplório ato
mesmo desbotado
ensaiarei um sorriso largo
e talvez, alcance apenas dizer: valeu
adeus!
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