gosto muito de relógio
mas gosto mais de contrariá-lo.
antes, no meu tempo de criança, os odiava:
queria dormir,
ficar na cama depois de acordar
era o maior dos prazeres…
hoje não,
se a vida me joga fora da cama bem mais cedo,
aprendi a gostar do passar das horas
(amo as manhãs e as noites
as tardes me entristecem
e as madrugadas me estremecem)
aproveito o tempo
olho a rua
vejo o dia
distingo cada ruído atrevido
a competir com o tagarelar das maritacas…
qual a formato daquela nuvem?
sopra o vento para onde?
os ramos das árvores oscilam mansos
verde dançante que não sai do lugar
(diferente do que explodiu nos meus olhos
em João Pessoa, a doer em mim que
vindo de fora, viu verde pela primeira vez)…
ao encontrar tempo e motivo para ser velho
e babão (choro por qualquer besteira)
confesso: bem melhor é viver
infinitos instantes.
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