“belo, belo, minha bela
tenho tudo que não quero
não tenho nada que quero”…
eis, Manuel, o poeta
na mercearia a comprar leite…
o prédio onde mora
o Bandeira
é feio e frio
a rua
por onde ele caminha
é solitária, feia e suja
é visível a condição do poeta
- triste
não fosse a música de fundo
que o homenageia…
Manoel Bandeira, o poeta do castelo
é um filme p&b de joaquim pedro de andrade
e tal qual o protagonista
inventa uma manhã possível
de acontecer fora da arte...
- e quem prefere viver sem arte?
mas eis que o roteirista
coloca o poeta em pijamas
e o filma na cama
porém o poeta não dorme
(quem disse que consegue)
quem disse que o sonhador precisa dormir?
Bandeira não quer dormir
Manuel, o poeta, quer sonhar… e rir
a despeito
de toda solidão, tristeza e feiura…
e é justo aqui que o poeta ergue a bandeira
e Manoel decide partir
para Pasárgada
não sem antes
comprar um jornal
despedir-se de um conhecido
e atravessar a rua
a deixar para nós
um epitáfio em letras invisíveis:
- fiquem aí com minhas graças,
que me fui,
adeus...
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