enquanto a luz (da vida) caminha
inexorável
à escuridão
prossigo minha busca
à poesia que esclarece…
e digo: não odeio
"a luz que começa a morrer
nesta noite serena”,
(oh, quanto desespero lírico, Dylan Thomas!)
antes, suspiro
meu pesar
e chego a chorar
todas as ausências que sofro
minuto a minuto
quando me entrego
por completo
aos raros momentos
em que me comovo
com um genuíno gesto de amor…
porque é disto que sentirei falta
se me lembrar!
durante toda a escuridão que me aguarda...
eis é a causa do sofrimento poético:
tal qual Dylan
considero a Morte injusta sim
mesmo sabendo que morrer é nossa condição
mas isto não esconde
o fato de que a Morte nos priva de tudo
que amamos
nos segrega do afeto, do gesto, do convívio
esta é a violência denunciada:
- o problema não é morrer
o problema é ficar sem o amor de quem amamos
… nesse sim e não cósmico
compartilho com Dylan do mesmo horror
da mesma procura poética: luz!
não a evangélica
destruidora/construtora do mundo (interior/exterior)
segundo sua imagem e semelhança
habitada de infinita opressão
e corro para o lado de Ariano Suassuna
para compartilhar da sua simpatia pelos loucos:
porque eis que a loucura
nunca nos pediu um cordeiro no altar em holocausto
isto tem sido sempre tarefa da lucidez...
- a loucura tem nos levado
sim
a escapar da dualidade
da violência divina, violência de deuses dúbios
inseguros da própria divindade
esses tais que exigem sacrifícios
mas são absolutamente incapazes
de livrar da morte aqueles que amamos
eis a luz que também abomino
Muito Lindo!
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