“Tire seu sorriso do caminho
que quero passar com minha dor”
Nelson Cavaquinho, A Flor e o Espinho
ouça, amiga, a poesia é triste…
justifica, atenua
legitima a dor...
sente a causa
quem sente a tristeza do mundo
evoco Rubens Alves e sua epifania
(no conto “ensinando a tristeza”,
inspirado no Eclesiastes 7:3 e,
principalmente, pela observação
que lhe faz uma neta entendida de compaixão):
“aquele alegrinho
que está o tempo todo esbanjando alegria
dizendo e querendo ouvir
coisas engraçadinhas
é um flagelo… perto deste
perdemos a liberdade de ser triste”
pois é, o alegrinho é um aleijão empático,
solidário apenas consigo mesmo...
desconhecido da compaixão,
resta a este alienado narciso
reivindicar,
atrevido e irresponsável,
que a sua alegria nos seja a prova dos nove:
ilegítima pretensão.
é que faltou-lhe perceber que a alegria
não brota da vontade
de um movimento individual da vontade…
- a alegria, poetas
é filha dileta da dor!
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