Storm Man, Germaine Richier, 1948
–
preciso
voltar ao normal
ao
normal
normal…
ao
passar por hong kong
se
depara: “normal
acabou
normal
era exatamente o problema
o
acéfalo, acossado,
caminha
em meio a tempestade
doença:
- sou
extremamente patriota, liberal
e austera…
mercado:
- não pare, não pare, não pare…
saúde:
- já que deste
tantos
passos
atrás,
melhor
isolar-se
nas
cavernas
discórdia:
- precisamos nos manter unidos…
o
acéfalo
caminha
em meio a tempestade
e,
pungido, entra
num cinema para ver um filme full HD
(reparem
que transporta
debaixo do braço
a
própria
cabeça
embrulhada
num
saco
plástico)
o
acéfalo
caminha em meio a tempestade
e,
relutante,
constata:
é
tarde
não
há mais como
fechar
os olhos
não
há mais como
dormir
o
filme
é longo e lento:
(na
tela, um acéfalo caminha em meio a tempestade
monótona
com
a cabeça embrulhada num saco plástico, debaixo do braço)…
cansado
e desperto,
um
relógio
recusa-se
marcar as horas e ninguém se
toca…
é
que
as
retinas
estão
proibidas de afagos
e
nem podem ser chamadas para testemunhar
o
fato
de que, finalmente, cada
membro,
cada
órgão do corpo tem absoluta
razão
em
desligarem seus respectivos aparelhos auditivos
ao
mesmo tempo que amplificam
os decibéis de suas vozes…
o
acéfalo
caminha em meio a tempestade
e,
suicida,
lamenta:
não
há
mais quem
invente
um frevo
e
comande
o carnaval…
resta
a sugestão
de
dar
por
encerrada a sessão,
catar
coquinhos e/ou
pentear macacos,
se
não for
desta
vez que entramos em extinção
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