Um casal, Fernando Botero, 1982
No
Condomínio Bafafá, era uma vez, um carcamano das cavernas inventou
de juntar armas com uma baranga e suas muitas horas de voo.
Com
um crowdfunding realizado na igrejinha que os uniu, foram
tirar proveito da lua de mel na Casa de Noca.
Feliz
da vida, a pechenga enlouqueceu (no bom sentido) com a volta da tão
acalentada dita dura.
O
conúbio ia bem, com os dois concordando em jogar os podres para
debaixo do tapete.
Porém,
com o passar do tempo, a pulga foi ficando cada vez mais inquieta
detrás da orelha da bruaca.
A
conclusão inevitável era de que estava sendo passada pra trás,
deixada de lado, esquecida num canto… essas coisas…
E
decidiu vigiar as saídas à direita do estrupício com o qual
dividia o sabonete.
E
não é que a vagaba descobriu que o biltre gostava de uma fuzarca.
Até
mantinha um quitinete, o bilontra, devidamente arrumada, para abater
gente nas horas vagas.
A
jabiraca não aguentou: montou guarda, grampeou telefones, instalou
câmeras…
Ao
fim e ao cabo, viu com seus próprios olhos que entrava de um tudo
naquele antro de fodelança.
Uma
hora era uma recatada, outra era uma do lar; teve a vez de uma
limpinha, cheirosinha… e pintou até um halterofilista –
miliciano chefe do tráfico de pornografia local.
Com
um dossiê completo nas mãos, a mocreia resolveu enfiar aquele
calhamaço nas fuças do traste.
Para
que?! Nem bem articulou um dramático why?, sentiu suas
amígdalas voarem na direção do olho da rua.
Decidida
a buscar reparação, deu entrada no quartel mais próximo e
registrou queixa crime de maus tratos afetuoso.
Conseguiu,
com ajuda de alguns pariceiros, a formação de uma cúpula
jurídico-midiática-militar para estudar o caso.
Após
mútuas e demoradas consultas, acabaram por decidir pelo arquivamento
do processo sob tutela do princípio de que “em briga de marido
e mulher ninguém mete a colher”.
Publicado
o acórdão em três vias, a coisa medonha levou pra casa a
recomendação de que deveria pensar melhor, buscar meios mais
civilizados de reparação.
Mas,
como já não havia mais meios civilizados, cogitou derramar água
quente no ouvido do bandalho nefando e escroto.
Salvou-os
um fariseu farmacopola, dublê de impostor trambiqueiro, que
os fez pronunciar
em voz alta, a
gosto, todo
dia, um novo,
sonoro
e
tonitruante palavrão,
insulto ou ofensa daquelas bem gratuitas.
E
assim, viveram infelizes para sempre, para desespero dos vizinhos.
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