Ilustração de Diego Alterleib
para o livro O Segredo de Borges
Um
dia alguém lê que certa feita um garoto ouve de um velho escritor o
segredo para se viver tanto.
Conta
o menino, agora homem feito,
em livro, muitos anos depois,
que a tarde caía
sobre o mestre enquanto
ele improvisava:
“Eu
costumava beber água numa fonte onde
viviam tartarugas. Depois de algum tempo
percebi que a água que eu tomava quando era criança na fonte onde
viviam as tartarugas não era água, era água de tartaruga. E como
as tartarugas vivem muito, vivo muito desde então”.
E
conta mais, conta que, na
hora que a estrela das letras
argentinas inventa
a história “olha para
cima mas
não vê
que a
cortina atrás da poltrona verde é
muito branca e muito bonita por causa da luz do sol”.
De
tanto revisitar a história, Matías Alinovi descobre que havia sido
enfeitiçado aos nove anos, naquele momento mesmo em que Jorge Luis
Borges, aquele que para ele, antes daquela tarde, no ano de 1981,
cinco anos antes de morrer, era um completo vazio de significado.
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