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A
democracia é um regime de equilíbrio delicado. Em meio a tiranos
esclarecidos, bandidos inteligentes, democratas frouxos e estúpidos
de todas as cores, vicejam os manjados liberais: aqueles que jamais
se arriscam em mudanças (a não ser que vejam polpudas vantagens em
seus horizontes) e por isso são chamados de abomináveis. Foi da
boca de um deles que saiu a frase: em bolso que está ganhando não
se mexe.
Vez
por outra, surgem abalos no tecido frágil da democracia. E dado que
nós, brasileiros, temos pouca experiência nesta área, além de uma
prática de baixíssima qualidade, tudo indica que caminhamos novamente em
direção de uma singularidade.
E
desta vez, o horizonte nos aponta uma inusitada distopia: um estado
policial governado por… banqueiros – os sujeitos mais liberais do
mundo, coadjuvados por gorilas de todos os tamanhos e coturno além
de uma malta de badboys – aqueles
tais que sempre surgem das sombras do fundo da sala com a salvadora
promessa de dar um “corretivo” na vadia da democracia.
E
aí me vem à lembrança o filme Robocop – O
policial do futuro. Sobretudo, salta da memória o fato de, naquela
ficção, o serviço de segurança opera entregue à iniciativa
privada.
Assalta-me então a perspectiva de termos Forças Armadas (Exército,
Marinha, Aeronáutica) e mesmo Serviços de Inteligência e
Contra-Inteligência do Estado, geridos por executivos oriundos das
melhores business school do planeta… sentiram o drama?
Um
estado policial urgido pelo deus-mercado. Com ações na bolsa e
sujeito às flutuações monetárias. O estado dos sonhos de todos os
liberais do planeta. Um mundo onde até a repressão, prisão,
tortura e morte transforma-se em negócio lucrativo controlado pelo
Banco Central e respaldado pela doutrina da prosperidade contida nas
pregações dos melhores e mais ricos televangelistas da paróquia.
E
não haverá remorso (exceção à perda de capital) porque, num
mundo assim, sem choro nem vela, tudo estará escancarado, não
haverá pudor e deus é conosco. Ninguém terá vergonha de investir
suas economias nas melhores e mais competentes tiranias e ditaduras
existentes pelo mundo afora, desde que elas façam crescer o nosso
patrimônio.
Afinal,
do Estado
não se espera
mais nada. Mesmo porque
prescindirá de
cidadãos para legitimá-lo, agora que teremos apenas acionistas,
investidores e
dizimistas à cata de
uma razoável taxa de retorno.
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