Naked Lunch, Robert Del Naja, 1994 |
a repórter tem compulsão pela palavra
e
ao discursar na tv
demonstra
que é menos saudável que eu
que
me empanturro de carboidratos
nesse
almoço de sábado
e
os rapazes ruidosos
sentados
ao lado
orgulhosos
das logomarcas estampadas nas costas
exibem
felicidade
talvez
se sintam craques de futebol
ou
pilotos da fórmula um...
(para
alívio geral
-
embora minha cara denuncie -
é
bom que não façam ideia do que penso)
ao
devorar um bocado
me
chama atenção
o
fato de precisarmos fazer esforço
para
compreender o vizinho
parado
nesta falsa falha
surge
o dono da casa
disposto
a animar a feiju:
muda
o canal
e
nos entrega à lábia de ancião transviado e brega
e
moleque ri das cócegas
que
a suposta virgem faz nos nossos ouvidos
ora
para
quem este individuo pensa que canta/fala?
não
existe dissimulação no mundo
capaz
de esconder tanta bestagem
que
dirá do seu timbre imprudente de donzela
tomo
um último gole de cerveja
engulo
um último naco de carne
e
não vejo alternativa senão sair
certo
de que é preciso devolver aos esgotos
os
ratos que se refastelam
sedutores
no
colo das garotas
cegas
de paixão
antes
que a sofrência
(em
nome da conciliação de classes)
atinga
o rock’n’roll
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