Corps à corps bleu, Gerard Fromanger, 2006
hoje
tem balada adolescente no tropical butantã…
para
sair do prédio
devo
ser simpático
e
pedir licença
para alcançar ao boteco do mateus
onde
às 13:00
encontrarei pais zelosos
e suas águas minerais geladas
seus picolés e celulares nervosos
além de suas esposas
mães suadas
ansiosas
descontroladas com o paradoxo da fila
nada
disso me impede
de
ver
todavia
o
ambulante com síndrome de william
o
tio careca com olhos vítreos nas pernas roliças da menina
o
homem de olhos amarelos e face rochosa
e
a moça que aguarda
(na
grade da casa abandonada)
a
legitimidade conferida pela velhinha da unidade 23
pois
é...
nessa
quase tarde
ainda
quando o sol insiste em dizer bom dia
surge também um motoqueiro
barbudo
de
óculos escuros
acompanhado da sua criança andrógina
protegida por fones de ouvidos
um baita sanduíche
e um refrigerante de
600 ml…
ah,
meus amigos
a
alegria caprichosa e barulhenta do futuro nacional
não
me permite esquecer o fantasma faminto que vos fala
esse espectro
que pego de surpresa
diante dos olhos ávidos
e da língua fácil do comercial de tv
imediatamente planeja
e
entrega à página em branco
seu sacrifício diário
singela oferenda
incompleto retrato
da nossa movediça mobilidade
e
atrevido
em epígrafe
taumaturga
os ouvidos de quem o ouça:
“só os malucos, os doentes, os
tolos
torcem por um final feliz
e mesmo que na fila todos sejam salvos
(e serão)
meu estomago já está por demais
estragado”
… só
resta então pedir mais uma
e
fazer de conta que tudo não passa de uma fantasia sci-fi
sem qualquer artificio
Massa!
ResponderExcluirAbraços,
Araceli
@pedradosertao
www.pedradosertao.blogspot.com.br