Dance, Jean Arp, 1925
cheiro
de almoço
arroz e sal
no alho preparados
leve-me
de arrasto
até
minha mãe
e
soltem-me
na montanha da saudade
de um tempo que não tem mais jeito
hoje
de manhã acordei disposto
a
cumprimentar
todos os meus contatos
mas
infelizmente
topei com um texto
que
me jogou no colo do papa
e
fez de mim um pervertido
domesticado amante
de tudo aquilo que me constrange
mas
amo a vida mais que tudo
apesar de saber que expiro a cada
instante
ainda sonho
assim
quando apenas me restar
um
pingo das últimas lembranças
amigos
sejam generosos
digam
que fui tudo
ou alguma coisa
menos
uma pedra no caminho
pois
o dia que mais gosto é o dia de pensar em ti
meu bem
o
dia que lembro de todos os teus encantos
amor
o
dia que faço de mim esse romântico
esse aspirante que almeja
sobrevida
mas felizmente é impedido pela lógica
e
se não há propósito
algum
nesse
negócio de existir
(que
não seja chegar a um tranquilo termo
o
que ajuda muito no comércio de viver)
ainda
é possível
e
de bastante utilidade
debruçar
sobre o caos
e
contemplar a si mesmo
(o tal nó da questão)
pois
aquele que ignora
deve
sondar os mistérios do seu mar
certo
que naufrago retornará diferente
na
pele de outrem
a
nos questionar como pode alguém ser feliz
sendo
outro
essa invenção...
deus
das minhas tolices:
só
vos peço que me deixeis acabar
ao
lado dos bêbados e das prostitutas
os
últimos
dessa noite
que todo dia me assola
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