Counterpane, Frank Stella, 1989
há
uma estrada que se bifurca
em
outra estrada
que
leva a outros mundos
que se bifurcam
em
estradas bifurcadas
no
ponto exato onde a pergunta
dissipa
o medo do quarto escuro
há
uma estrada debaixo da cama
que rói as unhas e come pipoca
dentro
do armário, detrás das cortinas
entre sofismas e incontáveis
paradoxos
uma
estrada-esfinge, guardiã da passagem
perplexo dèjá-vu
em nauseante slow motion
e
logo ali, bifurcada, há uma outra
estrada
onde as fantasias mapeiam jogos
gincanas, pelejas e campeonatos
uma
estrada na qual os artistas contemplam
o
principio
de
que o tesouro permanece
em
repouso
no
coração do indivíduo ao lado
nessa
estrada, onde o poema
que
sai em busca de uma rima
(e
às vezes se debate numa rua sem saída)
jamais
estaciona ao pé da letra
nem
morre na urgência de colorir o verso
nessa estrada afinal, qualquer
história
é
uma história derivada daquela
de
outras tantas de tantas outras e quantas sejam
suas
infindáveis bifurcações
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