Nostalgia, José Higuera, 2014
para
viver uma ausência
é preciso ter presente
a infinita liberdade
de ficar parado no meio da casa
com os olhos inundados de silêncio
para
viver uma ausência
é preciso aceitar que palavras e
gestos
retornem ao útero das coisas virgens
e imaculadas
enquanto no estalo da matéria
uma nova sinfonia é engendrada
para
viver uma ausência
é estar preparado para aquela
lembrança
passível de arrependimento
e evitar consumir-se pelo remorso
causado por nossas imperfeições
para
viver uma ausência
é descobrir em todas as palavras
uma única palavra
e transformá-la num lema
e dessa alquimia permitir que nasça
uma oração
para
viver uma ausência
é sonhar juntar o disperso
agregar o desgarrado
abraçar o mundo
e chorar no ombro do vazio
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