Fire! Fire!, Enrico Baj, 1964
tiro
os ruídos
os
apelos da televisão
(ligada eternamente em berço
esplendido
ou em cenas cotidianas de filmes Z)
dou
um tempo nos compromissos
(mesmo os inadiáveis, os familiares
aqueles que causam infarto)
e
abstraio… deixo pra lá
esqueço
o
sujeito ao lado
tipo
esquisito
ao
qual não pretendo
nunca
mais
dirigir
palavras
embora
seja
óbvio que a culpa foi minha
não sei o que me passava pela cabeça
quando resolvi fazer aquele comentário
e o pior:
estranhar
quando ele falou o que pensa
pois
é, tudo isso
em
meio a essa terça
ardida
mentirosa
fingida
refutadora
do outono
terça
fake… que arde e arde
mais
que esse inferno
eletromagneticamente
carregado
em
que nos metemos…
só
falta os jagunços
(de
terno, farda ou toga
aboletados
em privilégios)
surgirem
na porta do bar
e
nos informarem que passamos do ponto,
que
já nos queimamos demais
expostos
a tantas afirmações
(abrasadoras proposições)
que
melhor mesmo é caluda
antes
antes
que a casa caia
(e essa poeira espessa
tóxica
tome por completo as ruas
deus sabe por quantas luas e sóis
- se é que ainda existe lua
ou sol
que mereça ser visto ou lembrado)
num completo dejá-vu
prosseguirão
a parada
exibindo, através de seus uniformes,
aquele certo ar confiável,
do
tipo de quem
jamais
ameaça gratuitamente
o
negócio é vir à tona
-
do fundo da minha abstração -
(ou seria estupor?)
e
deixar-me arrastar por essa terça
cacofônica
e
encarar
a
ineficácia inventada do meu gesto…
deveras:
não
fazemos mais amigos como antigamente
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