Dismantling the Red Tent, R.B.Kitaj, sem data
o
que fazer, senhores,
diante
do soberano arbítrio
e
a timidez,
e
a hesitação
e
a insegurança da massa
em
escolher um rumo próprio
a
interdependência
e
viver a delícia
a
beleza e os riscos
de
uma nova construção?
(e
no entando
é
preciso inventar provérbios
outras
mitologias
novos
enigmas
prodigiosos
mistérios...
atenção:
qualquer
cochilada
na
leitura dessa
e
de outras histórias
nos
arrastará
de
volta
àquele
velho orfanato
àquele
velho porão
esquecido
da morte
onde
até os vermes vicejam
à
espreita
imersos
na suposta obrigação
de
manter o mundo limitado
àquelas
quatro paredes
a
alimentarem com carne humana
os
cães raivosos
que
lhes vigia o umbral)
o
que fazer, senhores
diante
do fim de tudo
e
seus arautos
a
esfregarem em nossos olhos
o
medo espúrio da transigência e,
sob
tutela imposta
baraço
pregação
diariamente
em
horário nobre
nos
declaram bastardos
e
nos condenam
a esse beco sem saída
até
que, submetidos a essa vontade,
imploremos
perdão ao
irascível deus
antes
que se dissolva
o
último dos nossos torturados átomos?
o
que fazer, senhores
quando
tudo se resume a uma
herança
manutenção
de privilégios,
troca
de favores, pecúnia
impossibilidade
de fazer amigos
e
influenciar pessoas?
o
que esperar
senão
a impossibilidade
de
nossas mãos vazias?
então,
confiemos
confiemos
nas cantigas
de roda
na
arte
na
dúvida
na
curiosidade
e
se verdugos abominam poesia
cantemos
cantemos
às cinco da tarde
na
contramão do inferno
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