Writing, Zhang Xiaogang, 2005
impasse
você me olha e não vê
que não sou espelho
do teu querer
o
assombro é meu lar
o monstro
não esconde mais
sua natural monstruosidade
realismo
fantástico
a besta ressurgiu dos porões
disposta a edificar seu inferno
em plena luz do dia
receita
caseira para espantar mágoas
colecione palavrões
aprenda a desenhar
bote seus desafetos na roda
(ou na roda dos seus desafetos)
… galhofa à gosto
lei
do retorno
ao lançar uma bofetada no ar
foi minha
a face que a encontrou
lei
da demanda
já fui teus braços, tua voz, teu
desejo, teu rancor…
hoje, fechei meu ponto no mercado
saí em busca de saber
quão legítima é minha dor
cabeças
cortadas
ao
caírem as máscaras
escorreram para o ralo
dissimuladas convicções
o
que não tem conserto, desconsertado está
desenganado
o amanhã avisou que não vem mais
para o lugar do hoje
foi escalado um ontem
cronicamente
inviável
até
última ordem
oh pessoa
a verdade não cabe na poesia
a verdade
tal qual a perfeição
é demasiado
desumana
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