Boy without darkness
Julio Galan, 1996
quando
a justiça
finalmente
decidiu
fechar o perverso edifício,
a
invisível criança
deixou-se
ficar na entrada
a
imaginar para onde iria
o
que faria… e inocente,
sem
lhe passar pela cabeça fabricar vingança
ocorreu-lhe,
entre
um pensamento e outro,
a
certeza
de
que todos os mortos seriam enterrados
e
a expectativa
de
que o esquecimento a protegeria do futuro
antes
que outra manhã despertasse
antes
que novamente o dia
prosseguisse
corriqueiro
no
seu incessante pesadelo,
riscou
um fósforo em suas retinas
obstinadas
labaredas,
frenéticas,
insaciáveis e joviais
irmanaram-se,
purgativas,
em
espirais de volúpia
e
foi frustrante verificar
o
cinzento breve evento
esvair-se
em fumo a anunciar pela vizinhança
a
ocorrência de mais
uma metáfora cotidiana
Nenhum comentário:
Postar um comentário