the ephemeral time under its apocalyptic antithesis
Chicote CFC, 2015
me
amarro nas coisas,
diz
o moço ali ao lado,
no
meu tempo
nas
coisas do meu tempo
na
tecnologia
na
desvairada perspectiva
daquilo
que me garante
subir,
subir, subir...
me
amarro sim
em
nós
nesse
teu jeito inocente
preciosamente
cordial
de
mentir
e
repetir
que
sou
isso,
aquilo
de
um tudo, o mar
sobretudo
me
amarro em ficar
aqui
agora-já
jogar
pra ganhar
e
sempre
me
dar bem
custe
o
que custar
penso
em eclesiastes
em
meio à escuridão
do
seu espanto indulgente:
-
que mal tem
na
vontade
de
ser alguém?
apenas
os espertos
concebem
atalhos, baby…
e
vaga, meu vizinho arrivista,
confiante
na ilusão de movimento
e
de que a liberdade é
escolher
um jeans
amarrotado
só
para parecer descolado
e
existir absolutamente indiferente ao ladrão
se
os pensamentos fossem nuvens
dissipariam
a astúcia desse efêmero
mas
como vive de temer a morte
e
jamais trará à luz qualquer mudança
que
o incômodo do poema
lhe
seja eterno e constante.
Este é um fardo que pesa bem ao lado da emoção.
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