A Palavra (Pássaro da Mulher)
Max Ernst, 1921
À
Mãinha
Diante
do costumeiro, primeiro
Trincou
a redoma do igual,
E
o velho ouviu a voz.
E
era íntima e era música
E
a voz doía e lamentava a voz,
E
chorava a voz que habitava o mundo
E
o velho, habitado agora pela voz,
Ecoou
o mundo, insone de agonia
E
viu e ouviu
Além
de toda ânsia
De
toda inquietação
Além
da noite imensa
Que a tudo escondia
E o velho viu e ouviu
A
palavra que lhe vinha
Que
alada lhe surgia,
E
rasante lhe nascia,
E
tudo a ele preenchia
E
foi aí, que finalmente
Ali,
naquele oco
Que
tanto lhe feria
Abraçou-se-lhe
O
silêncio da poesia
E
o velho riu
E
o velho sorriu
Que
nem mais toda lástima
Derradeira antes lhe vestia.
Maravilha mano.
ResponderExcluirPaulo, só muito bom.
ResponderExcluirBeleza de poema, amigo!
ResponderExcluir