Conversation, Ossip Zadkine, 1955
E
no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
Vinicius de Moraes
-
Ao nascermos não somos isso ou aquilo. Além da genética, da
cultura, da psicologia, da educação, a identidade humana é
formada, ao longo do tempo, por minúsculas escolhas que, combinadas,
nos dão certa vantagem na batalha pela sobrevivência e que nos
fazem ser isso ou aquilo… E estamos sempre mudando.
- Mas enquanto juízes permanecem de cócoras, a exigirem privilégios, o trabalhador, puto da vida com o aumento da sua insignificância, chega em casa, bota os filhos no olho da rua, dá uma surra na mulher, comete suicídio e é exorcizado numa sessão de descarrego num templo das almas mortas.
-
Não confio que a história vai mudar. Não há indício disto. Na
verdade, temo que as coisas fiquem cada vez piores.
-
Meu caro senhor, o mundo está de olho em nós. Perplexo. Para uma
nação que reivindica assento permanente no Conselho de Segurança
da ONU, surpreende a todos essa tentativa de transformar vício em
virtude. Qual imagem queremos passar ao mundo? A de um país
democrático, com uma Constituição respeitada ou a de uma falida e
avacalhada republiqueta de quinta?
-
Por mais que planejemos, o futuro será sempre uma incógnita. Todos
os nossos esforços são para que ele não nos traga dissabores.
Contudo, uma incerteza perdura: e se tudo der errado? E se aquela
circunstância que não consideramos, predominar? Meu plano B é
permitir que o instinto de sobrevivência, amparado pelo conjunto das
minhas habilidades, atue em toda sua potência. E isto, para mim, é
viver.
-
A lucidez humana precisa intervir para evitar a
conformação/deformação do nosso progresso pela minoria dominante.
-
O mulato Santa Rosa foi fundador e diretor artístico d'Os
Comediantes, grupo que renovou o teatro brasileiro, com a encenação
da peça Vestido de Noiva, de autoria do Nelson Rodrigues, em 1943.
Além de cenógrafo brilhante, era ilustrador, capista e pintor
talentoso. Teve participação expressiva no Teatro Experimental do
Negro, onde criou cenários para diversas encenações. Conta o
mestre Darcy, em O Povo Brasileiro, que em conversa com um jovem
aspirante à carreira diplomática, queixoso das imensas barreiras
que dificultavam a ascensão social dos negros, Santa Rosa desabafou:
– Compreendo perfeitamente o seu caso, meu caro. Eu também já
fui negro.
-
Agora que a bandidagem deixou cair a máscara; que não têm mais
vergonha de serem chamados canalhas; que não há mais como esconder
seus mal feitos; que sabem que o julgamento da história os condenará
à desonra, que lhes resta? Cometer mais e mais arbitrariedades,
todas… Como se não houvesse mais nenhum amanhã…
-
Nos livros, o Brasil já existia muito antes da chegada da esquadra
do Cabral. Descrita como A Terra Oriental, cortada por quatro rios
imensuráveis, rica em ouro e pedras preciosas, de temperatura sempre
amena, numa primavera eterna enfim, o Paraíso Terrestre. Os europeus
que aqui chegaram trouxeram a profecia do Tempo do Fim, do Último
Império, um reino que nunca será destruído.
-
Vez por outra, velhos fantasmas me visitam. Diferente de velhos
amigos me
usam
como bode expiatório…
- Sei que uma bomba explodirá... Foda-se, apostei nisso.
-
Posso
até compreender
que
um individuo
tenha
apetite
por merda. O que não posso aceitar
é que tal
hábito desagradável seja imposto como dieta universal… Comes
terra?
Nenhum comentário:
Postar um comentário