The Flabed Garden, Conroy Maddox, 1939
I
O
menino e a menina eram coleguinhas de escola, numa cidade do interior
de um grande e adiantado país. Um dia, entre os dedos da menina, o
menino viu uma lapiseira. O menino olhou torto para a menina e
elogiou a lapiseira. A menina sorriu e disse que a mãe dela a tinha
dado. O menino então perguntou de onde vinha o dinheiro com o qual a
mãe dela comprou a lapiseira. A menina disse que tinha vindo do
trabalho dela. O menino insistiu: e quem tinha dado trabalho pra mãe
dela? A menina, baixou os olhos e disse que o pai do menino havia
dado o trabalho, no qual a mãe dela ganhou um dinheiro para afinal
comprar a bonita lapiseira. O menino encheu o peito e exigiu a
lapiseira para si porque havia sido o dinheiro do seu pai que
comprara a lapiseira. A menina chorou e contou tudo pra mãe que,
revoltada, pediu justiça. O pai do menino disse que aquela atitude
não contribuía para a ordem e a paz na cidade e exigiu que o juiz
ordenasse à diretora que expulsasse a menina da escola.
II
A
China, certa vez, foi assolada por uma seca braba. O vice-rei
encarregado dos negócios religiosos, queimou o estoque de um ano
inteiro de incenso, na esperança de comover o coração divino. Mas
o deus não estava nem aí para a súplica e as preces. Após muitos
orações, ritos e oferendas, não obtendo resultado, o vice-rei
entendeu que era inútil qualquer gesto. Ordenou então que o deus
fosse informado que se não chovesse até determinado dia, que fosse
procurar fiel noutra freguesia. E a chuva não veio. Indignado, o
vice-rei proibiu adoração ao deus insensível e mandou destruir seu
santuário. Quando as primeiras marretadas sobre as paredes do templo
se fizeram ouvir, começou a chover. Primeiro um chuvisco, depois foi
aumentando, aumentando, até virar uma tempestade que durou pra mais
de mês. Quando estiou e as águas baixaram, cidades, casas,
plantações, animais e a maioria da população tinha desaparecido.
III
Lá
pras bandas de Pernambuco, um dia, uma cabra muito esperta foi
comprada por uma dona, na feira do povoado. A mulher, grávida de
gêmeos, trazia os peitos fartos, inchados de tanto leite. Mas temia
que para os filhos, viesse a faltar alimento. Tratada com estimação,
a cabra passou a zanzar pela casa como se fosse um membro da família.
Finalmente, a mulher pariu dois meninos parrudos e comilões. Mas o
leite dela não secava, jamais veio a precisar do leite da cabra que,
daí em diante, toda noite, vinha devagar pra beira da cama da mulher
e, após ela ter amamentado os meninos, aproveitava pra sugar um
bocado do líquido generoso. A mulher, na madorna, pensava que era um
dos meninos gulosos e não ligava. E a cabra bebia, bebia, bebia até
não querer mais. E engordou, engordou, engordou até que o pai dos
meninos achou por bem servi-la como prato principal no primeiro
aniversário das crianças.
Gostei das fábulas, principalmente da chinesa. Deusinho vingativo!
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