A Rua, Romul Nutiu, 2010
Caminho por estas ruas
rabiscadas
Como se as esquinas me
fossem ainda familiares
Rostos alternam-se,
programados para parecerem aleatórios
Olho pro céu e lembro de
rogar ao cinza
Uma outra cor possível,
nascida neste canto da calçada
Mas, probrezinha, não me ouve,
apenas arde minhas retinas cansadas.
Passa por mim um desfile
rouco, agressivo
Flecha disparada de outro
tempo, de uma outra dimensão
Quer dizer algo, parece
querer dizer, este alarido, anunciar alguma coisa...
Frustrado, vejo tratar-se
de mais um descuido,
Repetitivo, previsível
como um tele comentário esportivo na hora do almoço
Não há mais sinais por aqui nestes dias tão iguais.
Queria que estivesses
aqui, talvez assim eu não cogitasse
Acabar com aquela
madrugada e não teria que questionar
Para que a manhã, por
que um dia a mais
Se continuo a padecer
dessa lembrança a me existir?
Sinceramente: não sei o
que dói mais.
Seus poemas estão cada vez mais emocionados, mais rascantes, como um bom vinho tinto encorpado.
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