Seated Bearded Man
Roger de La Fresmaye (1885-1925)
No passado, a lembrança
No futuro, a esperança...
E agora?
À medida que envelheço
Meus demônios dedicam-me
companhia
Tornam-se comensais…
Perguntam-me do tempo
O que fiz ou deixei de
fazer
E quando se ausentam,
deixam um saudoso até mais.
Há muito meus demônios
deixaram as sombras
Naturalizados, passeiam
de chinelos pela casa
Remexem meus trapos,
bolem nas minhas bugigangas
E ultimamente
compartilham um certo cuidado com meu excesso de peso.
Com o tempo,
socializados, esquecidos de censuras agem
Com decência e pudor nos
momentos que o desequilibro fragiliza meu bem-estar.
E ao flagrarem em mim
faltas, omissões ou covardias
Revestem com amigável
condescendência seus breves comentários.
Penso que, a cada dia,
meus demônios, ficam bons e melhores
Afinal nos instantes em
que o abismo me alcança com suas garras
Gentilmente costumam
recitar poemas e cantam que nasceram em mim
Algumas das ígneas
pérolas com que enchem o ar em volta do meu leito.
Todos temos os nossos demônios. Belo poema!
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