Idyll, Francis Picabia, 1927
Sentemos, querida, à
beira desse rio acre
E bêbados, sonhemos com
canais venezianos.
Lavemos nossas mãos nas
águas desses esgotos,
E, abluídos, esqueçamos
o temor da iminente convulsão.
Grávidos de ideais,
arriemos nossos corpos no cimento
Dessa enxovalhada praça,
enquanto nos comove o bate-estaca
Contemplemos, amor, o
carrossel exuberante dos gazes
Que soberanos adornam a
atmosfera da nossa fáustica cidade.
Ouçamos a sinfonia das
máquinas e a avalanche de pessoas
No crepúsculo afogado na
fuligem de desejos gastos
Vem, amada, lancemo-nos,
voemos livres dessa náusea,
Pois antes que o dia
acabe havemos de chorar nossa natural promiscuidade.
Maravilha! Poema feito de precisão vocabular e fino lavor poético.
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