The Death of Luis Chalet,
Fernando Botero, 1984
“Morrer é parar de
envelhecer”
José Saramago
Minha única certeza é que vou morrer
um dia.
Penso nisso ao menos uma vez por hora.
Ao pensar na minha morte -
Ao tocar os limites da minha liberdade
-
Compreendo outros e melhores modos de
viver.
Afinal, não a temo
Mas detestaria acabar dependente
Doente
Vilmente
Inadequado
No meio da semana atrapalhando o
tráfego.
Meu ideal de morte
Seria numa poltrona num final de
dezembro
Cercado de netos por todos os lados
Ou talvez a Terra possa se abrir
E me receber com braços de amante
generosa
Ou quem sabe magicamente desexistir
Numa nuvem de borboletas…
(Penso que essas mortes, perdi-as anos
passados
Não fui um bom menino, não tenho sido
um homem bom)
Por isso, pelo resto de século que me
sobra
Continuo a pensar na minha morte
O mais naturalmente possível
Para não mais impingir nem sofrer
Castigo ou mal algum.
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