Couple with Their Heards full of Clouds, Salvador Dali, 1936
O dia claro, a caneca de café
O silencio e aquela conversa que
tivemos ontem…
Existem coisas que a gente diz
inflamado
Coisas improváveis mas reais
Coisas verdadeiras
De fazer melhorar o mundo.
Existem horas em que deixamos de ser
usuais
Horas em que meros contornos alcançam
signos
Horas em que é possível viver o
momento
Em muitos tempos e infinitos espaços
Ah, não fosse tu, alívio e consolo,
mágica das coisas
Onde encontraria as palavras para
dizê-la
Não fosse tu, senhora das múltiplas
possibilidades?
Ao náufrago, diante do imenso mar, do
tempestuoso mar
Resta-lhe a música e dança da alma,
crença de resgate
Do que se encontra atrás e daquilo que
se perde adiante...
Quanto ganho, Maíra, que alegria o teu
poder
Por mais que a tecnologia se insinua
entre nós, ciumenta e letal
Sem ti e a linguagem que me ensinaste,
ó Bela
Seria um tolo remexedor da vontade
Vontade cega, instinto que insisto
domar
Na fera que acua, intimida e despenca
em mim o abismo
O desvio, a prisão, o sepulcro, beco
cruel e ponto final.
Quanto ainda por falar nas reticências…
Senão bens e gozos a dançarem qual
bailarinos em nós
Tão longínquos quanto o mar que nos
separa
Tão próximos quanto a lágrima que
insiste em nos libertar.
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