Untitled 01, Jef Aerosol, 2012
"Sonhei
uma cidade silenciosa
Mas
logo acordei ao perceber
Que
passeava num cemitério".
Carlos
Rigot, um amigo sóbrio
Meu
vizinho é mau
Irracional
e bairrista
Possesso
e pessimista
Aos
pés da santa cruz
Meu
vizinho deseja paz
Mas
crê, o meu vizinho?
Qual,
se logo desiste e esbraveja
Apostólico
e limpo sobre o mundo.
Particular,
sempre à vontade
Sua
opinião é um traje informal
Adornado
de cólera
E
como cospe
E
pragueja e reclama
O
meu vizinho habitual
E
como insulta a vida
Esse
arrivista
Bajulador
da morte
Como
é absurdo
Meu
perverso vizinho
E
seu latifúndio moral
E
não há como fugir
Desse
ocupador de corpos
Meu
vizinho apropriou
Da
divindade
O
dom da onipresença.
Lute contra fazendo-lhe caricias poéticas.
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