Boys, Nikolay Bogdanov-Belsky, 1910
Quero construir meu
castelo e meu reino
sem matanças nem
morrências.
Ariano Suassuna,
O Romance da Pedra do Reino
Hoje quero dizer, com
algumas exceções
Que reafirmo tudo que
disse ontem.
Permaneço em essência o
mesmo
Um tanto mais seletivo
Porém, jamais um
elitista,
Um aristocrata de
espírito.
A nobreza que me embala
(Embora não seja de todo
imaculada)
Guarda semelhança
Com a inocente esperteza
Daqueles que não têm
nada
Uma certa alegria por
despossuir
Gozar a liberdade de ter
a si e não as coisas.
Hoje quero dizer
Que amo estar aqui, um
entre tantos
E poder contemplar o
milagre da existência
Em meio à extensa e
profunda diversidade
Essa contínua busca de
beleza, simetria e equidade.
Esse jogo artístico,
essa astúcia espíritual
Têm me preservado da
força bruta, da energia cega
Da descomedida potência
dos que temem o impreciso
E preferem os grilhões à
incerteza do incomensurável abismo
De que somos construídos.
Hoje quero dizer
Que embora o inferno seja
feito
Das nossas boas intenções
Sem elas já teríamos
sucumbido à desesperança
E que continuo a apreciar
As coisas boas da vida
Mas, sobretudo, aprendi a
admirar nos outros
O que ficaria bonito em
mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário