Farewell, Marc Chagall, 1985
I
Não me obrigue a caminhar sobre
pedras
Desejo apenas chegar àquela
esquina.
Por favor, não quero pensar mal de
mim
Crês por acaso que não sei das
minhas limitações
Que costumo chorar e até me faço
de vítima só pra te agradar.
Queres o que mais de mim se minha
fraqueza é toda tua?
Sabes o quanto detesto carregar
náuseas
Que não consigo disfarçar mágoas
Que odeio cicatrizes no meu peito
E esse fogo queimando, ardendo
Enquanto olho pra baixo e imagino
alturas.
E vens agora com te amo… Deixa,
Farei de conta que é sempre assim
Que não há jeito, que esse nosso
amor
Será sempre um desculpa aí.
Queria que ontem fosse diferente
E que a gente soubesse o que é
romance
E jamais olhar pra trás por que dói
olhar pra trás
É triste olhar pra trás quando é
só isso
Que tenho contigo agora quero chegar
àquela esquina.
II
O meu medo é que
Ao chegar e toc toc na porta
Ninguém atenda…
Tudo, menos indiferença!
III
Cansei de histórias
Minha imaginação tem limites
Meu corpo parece uma árvore
Que decidiu virar pedra
Dentro do oco no ar.
IV
Cá estou, mais uma vez nesse tardio
tchau
Morreu e ficou por isso mesmo
Morto, morrido, matado
Um retrato amarelo
Um fiapo de cabelo
E uma lembrança
Pra lá de controversa.
Morreu, morreu.
E é bom que fique mesmo
Já pensou se os mortos decidem falar?
Deixar que os mortos morram
Faz um bem danado à saúde.
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