Hell under, Hell aboce, Hell All Around
James Enson, 1888
O craque está fora da
Copa e nossa alma ferida. E agora? Agora nos agarramos aos caracóis
dos cabelos de David Luiz, o nosso zagueiro gente fina, e vamos pra
batalha, o temido jogo contra a Alemanha, na terça-feira.
Enquanto isto
aproveito pra fazer uma reflexãozinha sobre o futuro, para o day
after da Copa.
É público e notório
que cerca de 90 mil pessoas controlam um terço da riqueza mundial e
respondem pela metade dos depósitos em paraísos fiscais.
Um total de 8,4
milhões de pessoas (0,14% da população mundial) concentram 51% da
riqueza humana.
No Brasil, 15 famílias (cerca de 99 pessoas) possuem juntas uma fortuna de mais
de 200 bilhões de reais, cerca de 5% do PIB.
Para se ter uma
dimensão, o Bolsa Família, o programa brasileiro de transferência
de renda, atende a 14 milhões de famílias, a um custo de 28
bilhões, cerca de 0,5% do PIB.
Mas tem gente que
chia. A estes, que se miram no espelho dourado da desigualdade,
preparei uma cartilha com algumas dicas úteis para fazer disparar,
no livre mercado de capitais, o seu pezinho de meia.
Primeiro de tudo,
procure herdar uma fortuna, porque do trabalho pode ir tirando seu
cavalinho da chuva.
Depois, aprenda a
subdeclarar impostos. Declare sempre menos do que ganha e esconda
sempre a diferença. Isto multiplicará seus ganhos e potencializará
seu lucro.
Monte uma empresa
fantasma em um paraíso fiscal. E por razões claras use laranjas.
Quantas você achar conveniente. E não esqueça de nomear testas de
ferro para não atrair publicidade sobre os seus investimentos. Crie
Fundações. São fontes de deduções de impostos. Ademais, ninguém
sabe os que elas fazem porque ninguém as fiscaliza.
Estabeleça residência
fora do país. É um direito seu, mudar de país para pagar menos
impostos.
Contrate os melhores
advogados para que lhe mostre todas as brechas legais que o sistema
oferece para você escapar de todo e qualquer processo e ainda sair
com algum.
E finalmente, conte
sempre com a fragilidade do nosso sistema financeiro e com o sagrado
direito dos bancos em manterem sob sigilo as listas dos sonegadores.
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