Ceibo, árvore símbolo da Argentina
Às margens do Rio Paraná, no território
argentino, vivia uma tribo Guarani, cujo cacique era um guerreiro
valoroso. Porém o cacique orgulhava-se mais da filha que dos seus
feitos heroicos. Porque a moça era feia, mas bela ao ponto de cativar
quem a visse. Seu nome era Anahy, que significa “aquela de doce
voz”.
Nas tardes de verão, toda a tribo se
deleitava com suas canções. Canções nostálgicas e misteriosas
que espalhavam harmonia ao seu redor. Canções inspiradas em seus
deuses e no amor à terra na qual viviam.
Certo
dia, a paz daquelas tranquilas terras foi quebrada. Um dia o espanhol
chegou. Arrasaram as tribos e tomaram dos guaranis suas terras, seus
deuses e sua liberdade. O grande cacique foi morto por um capitão
inimigo.
Anahy,
prisioneira, cega de dor, jurou vingar a morte do pai. Passou dias
chorando. Muitas noites em vigília. Até que o sono venceu a
sentinela e ela conseguiu escapar. Era noite sem lua. Anahy entrou no
acampamento e matou o capitão espanhol. Os soldados saíram em sua
perseguição e logo ela foi capturada e condenada à morte. Morte
na fogueira.
Amarrada
ao poste do suplício, Anahy não soltou um grito sequer. Ouviu-se
apenas de seus lábios uma melancólica canção de despedida. Quando
só restavam cinzas e os brancos assustados não podiam acreditar no
que seus olhos viam, no lugar do sacrifício surgiu um tronco
milagroso com braços transbordantes de folhas reluzentes e flores
vermelhas como o sangue.
Os
que lembram daquela manhã, contam pros seus descendentes que o ceibo é o símbolo de valentia e
força. E nas noites de verão costumam cantar:
As
harpas hoje choram arpejos que são para ti, Anahy…
Indiazinha
feia de voz tão doce como o Aguaí… Anahy, Anahy…
Tua raça
não morreu… Estão todos ali, na flor rubi.
A noite
piedosa cobriu tua dor e o dia assombrado
Viu teu
martírio transformar-se em folha e flor
Indiazinha
feia de voz tão doce como o Aguaí… Anahy, Anahy…
Tua raça
não morreu… Estão todos aqui, na flor rubi.
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