Reunião na Farmácia, José Gutierrez Solana, 1934
“Livrai-nos
de todo mal e, principalmente, dos cretinos e dos canalhas”
Ao
Pai Nosso
Torquato
Neto (poeta):
“Salve o lindo pendão dos teus olhos e a saúde que teu
olhar irradia”.
-o-
Marina
Amaral (jornalista):
“Quando entrei
no táxi para ir embora, refletindo sobre quem afinal estaria
ameaçando quem, lembrei de uma ocasião em que nossas relações
eram mais amistosas e pude lhe perguntar por que eles tinham
enterrado os corpos, em vez de atirá-los ao mar ou incendiá-los
para apagar definitivamente as provas. De pé, na sala decorada com
os estofados confortáveis, rodeados por mesinhas enfeitadas com
fotos de família e bibelôs de inspiração religiosa, Bonchristiano
reagiu: Nós somos católicos, pô!”
-o-
Freud
(psicoanalista): “Percebe-se
então, com surpresa e receio, que a maioria dos homens obedece às
respectivas proibições culturais apenas quando pressionadas pela
coerção externa, ou seja, apenas ali onde esta pode se fazer valer
e enquanto pode ser temida. Isto também é verdadeiro para as
chamadas exigências morais da cultura que se dirigem a todos de
igual maneira. A maior parte daquilo que se experimenta em relação
à falta de seriedade moral das pessoas entra aqui. Um número imenso
de homens aculturados, que recuaria horrorizado diante do assassinato
e do incesto, não se priva de satisfazer sua cobiça, seu gosto de
agredir e seus apetites sexuais; não deixa de prejudicar os outros
por meio da mentira, da fraude e da calúnia caso possa permanecer
impune ao fazê-lo”.
-o-
Zygmunt
Bauman (sociólogo): “Uma
pessoa pobre que consegue tomar café da manhã, almoçar e, com
sorte, jantar… é automaticamente feliz. Nesse dia conseguiu seu
objetivo. O rico – cuja tendência obsessiva é enriquecer mais –
costuma meter-se numa espiral de infelicidade enorme. A grande
perversão do sistema dos ricos é que acabam sendo escravos. Nada os
sacia, entram em colapso, uma catástrofe”.
-o-
Eduardo
Galeano (jornalista e escritor): “Não
consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora; Mas tenho uma mulher
atravessada em minha garganta”.
-o-
Manoel
de Barros (poeta):
“Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto
das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem
de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das
águas. Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres
desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de
nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho
abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o
mundo.Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos, como as boas
moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu
não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a
palavra para compor meus silêncios”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário