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Bem,
aí está você…
Por
favor, não repare na bagunça,
É
que nós estamos em obras.
Pois
é… Seja bem-vindo…
Um
instante: o momento pede um toque:
A
nossa capital é Brasília, viu?
E
nós, os brasileiros, falamos o português.
Juntamos
a última flor do Lácio com o Iorubá e o Tupi e ficamos assim:
Arroz
com feijão, goiabada com queijo,
Camarão
na moranga, farofa com caviar…
Tem
gente que diz que isto é a causa do nosso atraso, da nossa
indigência…
Quer
saber minha opinião?
Penso
que o problema desses é saúde fraca, paladar recalcado.
No
fundo, perderam o gosto de viver
Por conta do miserável complexo de
inferioridade:
Cresceram
na crença de que só era bom aquilo que importavam.
Cada
qual com o seu mal, não é assim?
Do
meu canto, penso que não é nada fácil encarar uma feijoada,
Um
pirão de peixe, um sarapatel, um sururu no capote,
Uma
moqueca com bastante óleo de coco ou dendê…
Mas
não subestime:
A
mistura brasileira é a mais bonita das experiências humanas.
E
quer saber por quê?
Porque
nós, brasileiros, acreditamos na Fraternidade.
E
não temos escolha.
De
tanta segregação, de tanto descaso, de tanta indiferença,
Ficamos
escolados, ficamos fartos.
Por
isto a gente gosta de gostar, ama se apaixonar.
E
não alimentamos nenhuma culpa por sermos deste jeito.
Existe
motivo pra se ter vergonha dessa tal felicidade?
Vergonha
de sonhar, já pensou?
E
por falar nisto, sabe o que me causa vergonha? Causa-me vergonha
perder,
Perder
feio, ser humilhado, enganado, roubado, passado pra trás, sabe cumé?
Causa-me
vergonha a desigualdade,
A prepotência, a arrogância e o desmando.
Causa-me
vergonha o cinismo,
A desfaçatez, a irreflexão e amoralidade…
Mas…
Lembrando dum saudoso e querido poeta,
“Nós
viemo aqui pra beber ou pra conversar”?…
Vamos
lá, solte logo este peso, vamos chegando…
Entre
que a casa é sua, fique à vontade…
Apenas
mantenhas a decência:
Respeito é bom e todo mundo gosta.
De
resto, aproveite a estada pra curtir o nosso São João,
A nossa
saborosa festa de inverno.
Só
não se entregue ao quentão, visse.
Que
o danado sobe ligeiro à cabeça.
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