The Boatman, TC Steele, 1884
Fiquei velho, sozinho e
dono dos meus remorsos
E embora não pense ainda
em despedidas
Uma sombra deseja ensaiar
já com meus passos
Tudo aquilo que quero,
desquero e malquero
Há uma voz que grita em
mim que ainda faço parte
Que devo ainda assumir
todos os riscos, todos os rabiscos
Todos os traços, troços, troças, traças…
Todas as danças, todas
as lambanças…
Ainda faço parte e devo
ouvir todos os inícios
Todas as origens
legitimas e ilegítimas porque ainda faço parte
Das premissas, dos
tratados e das estatísticas ainda faço parte
Dos manuais, dos
catálogos, dos relatórios e das listas…
Ainda faço parte porque
ainda estou aqui
Embaraçado com a
indiferença, com o faz de conta, com o jogo de empurra
Com o jeitinho e
principalmente o não me toques das nossas excrecências
Insisto ainda assim por
minha banda em fazer parte
Mesmo diverso deste tão
desencantado encanto
Cheio de medos e repleto
de aflitivas incertezas
Transbordado em culpa,
imerso em minhas insensatas desculpas…
E meus quilômetros de
eiras e beiras
Tampouco o desamparo explica o sangue
Ah, pragmático sangue
Que corre no recalque das minhas intangíveis fronteiras pois
Mais difícil que
enxergar futuro
É sentir o passado a projetar-me os passos
Apesar de tudo e
minúsculo ainda faço parte e isto não é tudo
Se o todo é maior que a
junção das partes
Minha miséria jamais explicará o mundo
E por mais que me tentem
seduzir à parte
Ressoa em mim o duro
golpe da minha própria humanidade
Pois ao ficar velho e
sozinho vejo que não há mais tempo pra milagre.
Só tenho um comentário, rápido, sucinto, rústico: Que trem bonito, sô!
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