sábado, 23 de março de 2013

Malogro e Redenção - 8. Miséria



Jackson Pollock, Stenographic Figure, 1942



Sentidos meus que vão longe:
Interrogo rastros em distâncias
Dirijo-me ao impossível, atinjo o invisível...

Do raio, domesticado, retiro dividendos
De tudo e todos sou credor, eu o domador
O calculador de imprevistos

Atingi as estrelas na velocidade do espanto.
De recém-nascido em condição de desamparo
Tornei-me deus, um incorrigível paradoxo clássico.

Mas não sou feliz
Neste canteiro de belezas
Que é o mundo humano

(Edifício de especulações
Exigências e restrições
A clamar por limpeza e ordem)

Prometeu renascido – Fausto civilizado, sou
Condenado a sublimar, reprimir e recalcar
O lobo que me devora a alma.  


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