Abstrato, Antonio Bandeira, 1967
“É impossível escapar à impressão
de que os seres humanos geralmente
empregam critérios equivocados,
de que ambicionam poder, sucesso e riqueza
para si mesmos e os admiram nos outros
enquanto menosprezam os verdadeiros valores da vida”.
Sigmund Freud, O mal-estar da Cultura
Este é
um poema, pretensamente
épico, para ser
lido aos sábados. Em onze
movimentos, verseja, em
imperfeito modo (escusas!), agruras,
esforço e satisfação de um
eterno aprendiz.
Acompanhem
cada canto como se
fosse único, porém observem
o todo no qual cada um
é tão somente parte.
1. O
Estranho
Sei que
sou, só não sei o quê.
Não sou
tu, não sou ele
Não sou
outro senão eu mesmo.
Então,
que sou: uma biografia
E suas
várias versões?
Que tal
um número
Um grau
em qualquer escala
Uma
hipótese, uma crença
Um
acaso, um trivial acidente?
Montanha
de desejos
Floresta
escura
Oceano
Espaço
infindo...
Eis
enfim o que sou:
Interior
sem fronteiras
Acidente
de percurso
Estranha
subjetividade.
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