Cartoon Merlim, Google Imagens
Em todo
começo de ano, aparecem inúmeras previsões sobre o futuro, sobre o
que poderá acontecer conosco e com o mundo no dia de amanhã. É de
praxe buscarmos relatórios de futurólogos, análises de empresas
de consultoria, observações de mentores econômicos, políticos e
culturais e, porque não, aquela olhadinha no horóscopo, uma jogadinha de búzios e/ou das moedas do enigmático I Ching, sem
falar nos exercícios de meditação, onde ruminamos nossas
apreensões, no intuito de afirmarmos nossas responsabilidades diante
de todos os nossos medos. Tudo isto por algo bem simples, queremos
deter controle sobre as coisas, projetar o porvir com o mínimo de
incertezas, evitar todo e qualquer risco afinal, pra morrer basta
estar vivo e, nesta ansiedade não há vivente que aquente.
Foi
pensando no bem estar da humanidade que decidi fuçar os mais
carcomidos alfarrábios e os mais graves e pesados calhamaços; que
pesquisei por incansáveis horas o tempo passado e presente no
onisciente Google; que acabei consultando as mais estranhas e
dispendiosas figuras pelas esquinas deste mundo afora; que resolvi
conceder-me o direito de plagiar descarada e prazeirosamente material
da BBC, com o único objetivo de alcançar a luz que, finalmente, me
mostrasse o rumo das coisas.
Hoje,
posso dizer de boca cheia: sei aonde devo amarrar o meu burro. E é
esta felicidade que gostaria de compartilhar, a visão que tive,
clara, distinta e cristalina, das tendências das coisas para o resto
da década ou quiça das nossas vidas. Vamos à magia dos fatos.
O
futuro é incerto.
Apesar
dos fundamentalistas, dos roteiristas de novelas e dos técnicos que
trazem tudo sobre controle, o mundo, assim como uma partida de
futebol, é uma caixinha de surpresas. Por mais que você acredite
nas companhias de seguros e na palavra do teu chefe, recomenda-se
trazer sempre as barbas no molho afinal, cautela e canja de galinha
nunca fizeram mal a ninguém.
Ficaremos
mais velhos a cada ano.
Apesar
dos colunistas sociais e das suas ouvintes, temos 100% de chance de
acordar amanhã com um sério problema de junta. Não duvide: tudo
que sobe um dia desce. Infalível é a lei da gravidade.
As
pessoas continuarão viajando.
Seja na
maionese ou através dos meios de transportes disponíveis ou
indisponíveis, as pessoas continuarão buscando alcançar a terra
prometida, o xangri-lá ou o paraíso perdido, mesmo que seja para um
ligeira temporada num fim de semana prolongado. Real ou virtual
vivemos de malas prontas, com um pé nas estrada afinal, cobra que
não anda não engole sapo, o jardim do vizinho tem muito mais rosas,
sem esquecer de que navegar é preciso/viver não é preciso – como
bem pontificou o poeta numa revelação genial de marketing
filosófico e turístico.
O rico
continuará mais rico e o pobre mais pobre.
Esta é a
equação que penso jamais haverá igualdade. Por mais que a gente
tente repartir o bolo em pedaços equitativos a tendência é de que
o olho, apesar de todos os argumentos e admoestações, continue
maior que a barriga (principalmente entre os profissionais da
política).
A
classe media continuará a um passo do paraíso.
Para
garantir esta posição no ranking nacional e internacional não
medirá esforços no sentido de amealhar junto a burocracia estatal
mundos, fundos e pensões visando, preventiva e privadamente,
engordar as empresas de segurança com o único objetivo de impedir,
a todo e qualquer custo, que farofeiros periféricos invadam suas
praias particulares situadas nas costas selvagens deste mundo que
deus deu, dá e dará para todo o sempre amém.
Os
jovens continuarão desiludidos.
Apesar da
estridência, dos corpos sarados, da linguagem maneira, da crença de
que a mesada é eterna e de que todo professor é um saco, parece que
ainda não descobriram uma maneira de evitar a gravidez na
adolescência.
A
China trará tudo dominado.
Não é
de hoje que ouvimos falar da paciência e da perspicácia chinesa.
Quem não comprou algo “ching ling” hoje levante a mão.
Na
Internet encontra-se a salvação da lavoura.
Sim,
porque lá “em se plantando tudo dá”, mesmo que o preço e a
velocidade da conexão deponham contra a liberdade de expressão.
Além do que é intrigante saber que o mundo virtual é um universo
onde grátis dá lucro.
A
tendência do clima é piorar.
Desculpe-me
os otimistas e as donzelas incautas que, inadvertidamente, chegaram
agora. Não consigo evitar a constatação: por mais que nos
esforcemos, por mais que tentemos, por mais que as celebridades, os
evangélicos, a minha sogra e os livros de autoajuda digam o
contrário, jamais deixaremos de fazer merda. É atávico. Mas não
esquenta, há sempre alguém disposto a edulcorar a pílula – para
alívio e fortuna das agências de publicidade e da indústria
farmacêutica, as únicas que têm receita e remédio pra tudo.
Quanto a
ti, conectado leitor, que me toleraste até aqui, aguardo que 2013 te vicie em manter os olhos
abertos, a cuca esperta e o coração sagaz. Evoé!
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