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Rasgaram
meu peito numa manhã de segunda-feira,
Simples
segunda-feira, desencanada manhã era então.
Nada de
anormal ocorreria naquele dia, a não ser
Meu
coração que, atrevido, teimava em desrespeitar velha trégua.
Mas, tudo
bem... Não há nada de extraordinário nisto
Nada que
mereça um “oh”... Acontece, não é mesmo?
E não
ocorreram-me palavras, horas depois, após o lapso
Quando
disseram que a operação fora um sucesso.
E tal
qual uma transa bêbada numa madrugada de sexta
Quem
ousaria entrar em detalhes no sábado?
Embora a
prova estivesse ali, indelével na forma de um indesejado
fecho-éclair
Fazíamos
de conta que aquele era o melhor dos mundos, nós todos inocentes
Tenho
estado sem palavras e sem pensamentos desde então
Além de
nenhuma coragem de andar pelas ruas
Morri e
nasci outra vez dizem-me e retribuo com um muxoxo
Afinal
hei de aprender novamente tudo aquilo que deixei de lembrar
Então,
quais novas perguntas devo formular agora, coração
Tu que
renasceste-me assim, desprovido de desejos?
Não me
tiraste a memória, não me tornaste um mistério
Mantenho
a consciência do que fui... Ainda sou tão vívido
Porém,
temo que aquele que recordo aqui tenha ficado lá
Naquela
mesa fria onde mãos estranhas deitaram-no nu
E
rasgaram-lhe o peito como se aquilo fosse,
Em plena
segunda-feira, a coisa mais corriqueira do mundo.
O coração há de suplantar tudo isto.
ResponderExcluirBelo texto!