Werner Heisemberg, Norberto Conti, 2008
Vivemos
tempos difíceis, bicudos! A cada dia que passa ganha corpo, e se
robustece, a tese subjetiva de que “a única realidade é a do ser
pensante”. Assim, vemos que categorias universais não passam de
manipulações a serviço de determinadas humanidades. Protágoras
(mais vivo que nunca) teria afirmado: “Homo mesura”, ao concluir
que tudo devia ser definido pelo conjunto das pessoas e aquilo que
vale num determinado lugar não deve valer, necessariamente, em
outro. Esta máxima significa que as coisas são conhecidas de uma
forma particular e muito pessoal por cada indivíduo. O que vai
contra, ao projeto socrático de chegar ao conceito absoluto de cada
coisa. O Principio da Incerteza, pedra angular da Mecânica Quântica,
afirma que é impossível medir velocidade e posição de uma
partícula. Para enxergarmos um próton temos que iluminá-lo. A
quantidade de luz necessária afetaria a partícula, dificultando
qualquer previsão acerca do seu comportamento. Estamos ou não
estamos num mato sem cachorro?
Vivemos
num estado de completa incerteza. Ansiamos por uma força,
qualquer força, em que possamos acreditar. É Zygmunt Bauman quem
nos alerta: “Buscamos algo em que possamos confiar e que nos seja
capaz de tranquilizar sobre as causas dessa profunda, vaga e difusa
consciência de insegurança que nos atormenta, dia e noite, neste
mundo líquido moderno. O desejo é que, conhecendo essas causas, a
força possa nos
ensinar a combatê-las, reduzir-lhes o poder e neutralizá-las de
maneira eficaz; ou, melhor ainda, que essa força
seja por si mesma poderosa para realizar as tarefas que as pessoas
normais, penalizadas com a inadequação de seus conhecimentos,
habilidades e recursos, só podem sonhar em fazer por conta própria”.
Mas nem
tudo está perdido. Vejam o que sugere a professora Mary Hooks Pears,
decana do proeminente Colégio da High Society Of Cool and Hipsters
Studies da Universidade de Ohio, Massachusetts, em dissertação
apresentada perante o Comitê Central do Bureau International des
Poids et Mesures, na última quarta feira. Afirma a digníssima, urgente e
necessária reformulação completa do sistema de pesos e
medidas. Diz em nota: “Após
várias tentativas frustradas em fazer os alunos de todos os graus
assimilarem os sistemas de unidades, visto não refletirem o universo
prático das coisas, proponho que os Governos aprovem e oficializem
um novo sistema, bem mais próximo das exigências do dia-a-dia
cotidiano das classes em todas as instâncias”. E apresenta-nos a
seguinte tabela:
Potências
de Dez
Pra
caralho = Infinito; Pra cacete = 100.000; Uma porrada = 10.000; Uns
mil = 1.000; Um monte = 100; Um pouco = 10; Miséria = 1; Um cisco =
0,1; Porra nenhuma = 0,001; Nem que a vaca tussa = 0,000001.
Porcentagem
Tudo =
95%; Quase tudo = 90%; Todos = 85%; Quase todos = 80%; Meio = 60%;
Metade = 40%; Ninguém = 15%; Nada = 10%; Quase nada = 5%; Nadica de
nada = 2%; Uma titica = 1%; Um pelinho = 0,1%; Um pentelhésimo = :
0,001%.
Comprimento
Um palmo=
30cm (na compra); Um palmo = 20cm (na venda); Um quilômetro = 600m
(ida); Um quilômetro = 1400m (volta); Um pinto = 30cm (dono); Um
pinto = 6,31cm (outro).
Grau
de Precisão
Nas coxas
= erro de aprox. 30%; Mais ou menos = erro de aprox. 20%; Exatamente
= erro de aprox. 5%; Perfeitamente = erro de aprox. 4%; Na bucha =
erro de aprox. 3%; Na lata = erro de aprox. 2%; Na mosca = erro de
aprox. 1%; No olhinho do c... = Erro de 0,001%.
Volume
Um gole
de cerveja = 600 ml; Um gole de chopp = 300 ml; Um gole de caipirinha
= 250 ml; Um gole de pinga = 100 ml; Um gole de café = 50 ml; Um
gole de água = 25 ml; Um gole de leite = 2,6 ml; Um balde = 7500 ml;
Um mijão = 500 ml; Um mijinho = 30 ml; Um pinguinho = 2 ml; Um cuspe
= 1,5 ml; Uma gota = 0,1 ml; Um cheirinho = 0,001 ml.
Velocidade
A milhão
por hora = 170 km/h; A mil por hora = 160 km/h; A cem por hora = 120
km/h; A dez por hora = 60 km/h.
Tempo
Uma
semana = 14 dias; Duazoras = 5 h; Um minuto = 30 min; 1 segundo =
duazoras; Um momento = Eternidade; Um instante = Infinito.
Como
disse Gilberto Gil, no lançamento do seu mais novo trabalho,
Refazendo a Refavela, ao tergiversar sobre o copo meio cheio/meio
vazio nas mãos de Zeca Pagodinho: “Talvez seja pra rir. Ou não”.
Paulo Laurindo, excelente a sua proposta, via aquela professora porreta do país ao norte. As medidas estão muito bem mensuradas. É isso mesmo. Dei boas risadas!
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