Metabiotica - alexandreorion.com
Esta manhã todos os carros circularam
Apesar do grasnar insano das ambulâncias
Que rasgam as ruas em gemidos moribundos.
As manchetes dos insignes periódicos,
Armadas até os dentes contra o caos que impera,
Aguardam uma decisão da corte de plantão
Que salvaguarde a liberdade de crer
Que deva ser exclusivo o critério de verdade.
Rotineiro seria o dia não fosse a lotação
E a perspectiva do golpe sempre à mão.
Celulares emulam glamourosas estâncias
A preços baixos e generosas prestações
Porque falar quase é de graça, quase não presta
Porque falar afasta o tédio e isto importa:
Tédio é o que mais temem as almas histriônicas
Às voltas com dispensáveis e duvidosos cuidados
E a eterna estática entre o público e o privado.
Corriqueiro seria o dia não fosse o céu nublado
E a perspectiva da loteria de prêmio acumulado.
Absortos vadios abarrotados de tralhas
Vão e vêm repousados de calçadas.
Baldadas rádios malandram patrulhas
De arengas sangrentas em rotas sumárias.
A ociosa piada repaginada em bloco
Peroliza as cáries dos emergentes dóricos.
Caminhos irrestritos escoltadas de senões
Vicejam astúcias legitimadas à bala.
Normal seria o dia não fosse a enchente
E a perspectiva dum chopinho decente.
Esta manhã não haverá surpresas
Passará como passam todas as manhãs:
A igreja publicará uma ou outra homilia
A assembleia premiará um nobre com outro bulevar
As antenas captarão a sinfonia das estrelas
Os astros rodopiarão em torno das esferas
Não teremos homens-bombas, tampouco heresia
Santo seria o dia não fosse essa estranha poesia.
E assim caminha a humanidade, Paulo Laurindo!
ResponderExcluirSão os caminhos da vida, e a vida me parece mesmo sempre poética... Belíssimo poema, Paulo!
ResponderExcluirAbraço.
Olá amigo com vai? Há tempos lhe devo um agradecimento pela visita e comentário em meu espaço.Tamujunto!
ResponderExcluirNão só os caminhos, tudo enfim anda para um só destino...Lindo poema meu rei.
ResponderExcluirÍris Pereira
Esta veia poética está divina! Parabéns!
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