Ñamandu, pai verdadeiro primeiro!
É sobre sua terra que Ñamandu, divino espelho do saber das coisas, se anima.
Você que faz com que se animem aqueles que você proveu de arco, eis: de novo nós nos animamos.
As coisas sendo assim: quanto às Palavras Indestrutíveis, as quais nada, jamais, enfraquecerá, nós, os poucos numerosos orfãos das coisas divinas, nós as repetiremos, animando-nos.
Que possamos então nos animar e nos animar uma vez mais, Ñamandu, pai verdadeiro primeiro!
Ñamandu, pai verdadeiro primeiro, de sua divindade que é uma, de seu saber divino das coisas, saber que desdobra as coisas, faz com que a chama, faz com que a bruma se engendrem.
Ele ergueu-se: de seu saber divino das coisas, saber que desdobra as coisas, o fundamento da Palavra, ele o sabe por si mesmo, de seu saber divino das coisas ele fez com que surgisse o divino companheiro futuro.
Com força, seu olhar procura: do divino saber das coisas, saber que desdobra as coisas, fez com que surgisse Ñamandu Grande Coração, que ao mesmo tempo se ergue do espelho do saber das coisas.
A terra ainda não existe, reina a noite originária: ele fez com que surgisse então Ñamandu Grande Coração, Pai verdadeiro de numerosos crianças que estão por vir: a isso ele destina, Ñamandu Grande Coração.
Prosseguindo, do divino saber das coisas, saber que desdobra as coisas, quanto a Karai, futuro pai verdadeiro e Jakaira, futuro pai verdadeiro e Tupã, futuro pai verdadeiro, Ñamandu faz com que se saibam divinos. Pais verdadeiros de seus numerosos filhos que estão por vir, verdadeiros pais da Palavra que habitará os numerosos filhos que estão por vir: ele faz com que se saibam divinos.
Prosseguindo, Ñamandu, pai verdadeiro, a fim de que tome lugar em face do seu coração, faz com que se saiba divina a futura mãe dos Ñamandus. Karai, pai verdadeiro, a fim de que tome lugar em face de seu coração, faz com que se saiba divina a futura mãe dos Karais. Jakaira, pai verdadeiro, do mesmo modo, a fim de que tome lugar em face ao seu coração, faz com se saiba divina a futura mãe de Tupã.
Encarregados do divino saber das coisas, do pai primeiro; encarregados do fundamento da Palavra futura; encarregados da fonte daquilo que se refaz; encarregados de dizer o canto sagrado; unidos à fonte do saber que desdobra as coisas: são assim, aqueles que igualmente chamamos eminentes pais verdadeiros da Palavra Habitante, enimentes mães verdadeiras da Palavra Habitante.
Recolhido pelo antropólogo Pierre Clastres, in A Fala Sagrada – Mitos e Cantos Sagrados dos Índios Guaranis, Editora Papirus, Campinas, 1990.
Os indígenas e suas belas histórias mirabolantes. Não sei se produzidas por alto conhecimento da vida ou por algumas doses de ayahuasca. O que lhe parece, Paulo Laurindo?
ResponderExcluirMirabolantes e belas e me metendo onde não fui chamado, acho que é uma mistura de realidade com fantasia, uma coisa lúdica, que nós, modernos(?), somos incapazes de absorver.
ResponderExcluirAs duas coisas, Saint-Clair, as duas coisas. O interessante é que o senso de beleza e elegância acompanha o ser humano desde a pedra lascada.
ResponderExcluirtão mirabolantes quanto meu vôos pelas noite, mesmo sem efeito de ayahuasca, pois só os puros de espiritos são capazes de enxergarem o que não está presente efisicamente e falar coisas de grandes sabedorias sem nunca ter estudado as letras dos homens comuns.
ResponderExcluirVem um dia voar comigo, não tenhas medo nunca o deixarei cair, verá o mundo lá do alto e verá que azul é aterra e nossas almas lilás...
Íris Pereira.
Visite IH, tenho novidades
O homem, independente do grau de compreensão que já acumulou, não consegue fugir do instinto do conhecimento...
ResponderExcluirOlá meu amigo!
ResponderExcluirObrigada pela visita e por indicar meu blog à sua amiga, espero que ela goste!
Bjs pra vc!
Gena