domingo, 13 de junho de 2010

Mural

Nuvens dissipam-se sob o efeito de raios de um sol nascente. Últimos relâmpagos vistos ao longe. A terra ainda é pobre mas há sinais de prosperidade. Sobre o grande rio, constroi-se uma ponte. Os diferentes cooperam. Negligentes são chamados à atenção. Parte de um andaime ameaça desabar.

O poderoso diante do humilde. Espadas, escudos, bandeiras, jazem inúteis no chão. Suas mãos avançam, espontâneas, para um acordo. A mulher poderosa protege um cofrinho de jóias do toque da mulher humilde com um cesto de frutas. Os esposos as detém com um lance de mão. A filha do poderoso, liberta de adornos externos, busca o encontro da mão estendida do rapaz humilde.

Com auxílio de um grande carro, um homem grisalho retira do campo pesadas pedras. Um arado aguarda. Um homem, apoiado em muletas, namora uma fruta em alto galho. Uma criança lhe puxa as vestes, aponta a ovelha extraviada no pasto. O tigre, imponente, olha para trás.

O aldeia festeja a colheita. Um perigoso abismo, muitos obstáculos pelo campo. Um homem olha adiante, os dedos da mão direita tocam o peito, a mão esquerda acena aos amigos que trazem presentes.

Solitária vila onde o povo trabalha e alguns cavalos pastam. Ruiu o telhado de uma casa. Atendidos os feridos, uma mulher comanda. Uma jovem diante do espelho. De todas as jóias dispostas à mão, apenas uma flor lhe serviu.

Um homem sentado lê. Sua mão direita afaga a juba de um leão que madorna. Uma árvore frondosa protege um poço. Alguns desperdiçam água em jogos pueris. Um velho medita. Jovens saciam o olhar em seus lábios.

A tranquila montanha sobre a terra vasta e plana. A grama inclina-se na base. Da janela da rústica casa vê-se um caldeirão na lareira. Um homem aproxima-se pela estrada que serpenteia a montanha. Filhos correm até ele. A mulher, na varanda, sorri. Outra restaura um jardim. Há um templo em ruínas e um pequeno lago. Gansos sobrevoam. Nas margens, búfalos refestelam-se. Longe é o mar... para onde todos os rios convergem.

Um grupo avança na direção do rochedo. Nas mãos: enxada, tambor, foice, martelo, tear... Alguém está infeliz: o baú que arrasta teve rompida uma tábua... o conteúdo espalhado tornou-se inútil nas mãos infantis. Um homem carrega aos ombros uma presa abatida. Jovens festivos o cercam. Aquele, ampara o velho pai. Tudo é sólido e ondula.

Um homem conduz uma égua cintilante, frouxa a rédea. Montados, mãe e filho. Sua mão esquerda pousa no pescoço da égua. Obstruído por uma pedra, seu pé direito volta-se para o leste. O esquerdo aponta para o norte. Olhos arregalados, do homem, fixos na imensa garra que, brota, adiante, na fenda. Na boca entreaberta da besta, o imperativo som, a qualquer momento, romperá o idílio.

Um comentário:

  1. Paulo Laurindo, o blog ficou visualmente muito bonito, porém o último texto postado extrapola a margem direita. Sugiro dar uma olhada.
    Abraços e sucesso!

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